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O mito da democracia racial do Brasil

O 20 de novembro tem grande significado para a população afro-brasileira. Foi nesse dia que morreu Zumbi dos Palmares, o líder do mais populoso quilombo da América Latina – o Quilombo dos Palmares. Nesta verdadeira cidade viveram cerca de 20 mil pessoas, assassinadas por tropas governamentais um ano antes da morte do herói negro, ocorrida em 20 de novembro de 1695. A data, consolidada por esforço do Movimento Negro Brasileiro e reconhecida pelo governo brasileiro, entrou para o calendário nacional, tendo Zumbi como referência e sendo tratada como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Instalado no cenário da luta, em Serra da Barriga (município de União de Palmares, estado de Alagoas), o Parque Memorial Quilombo dos Palmares é um dos maiores símbolos de resistência do povo negro à escravidão. Assim, anualmente, durante todo o mês de novembro, o município de União dos Palmares, que fica a 76,4 quilômetros da capital alagoana, recebe um contingente acima de 10.000 pessoas do Brasil e do exterior – a maioria, interessada em conhecer o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Fonte: serradabarriga.palmares.gov.br/



O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL NO BRASIL


A escravização de africanos e afrodescendentes no Brasil, sempre foi respaldada por ideias racistas sobre africanos, sua cultura, história e identidade. Abolida a escravidão, a ideologia continuou a mesma. O conhecimento científico europeu da época determinava que o negro pertencia a uma raça inferior. Acreditava-se que era impossível um país de mestiços se tornasse uma nação civilizada.

A primeira república foi dominada pelo dogma do branqueamento. Depois da Primeira Guerra, porém, surge uma nova geração de pensadores brasileiros, dentre os quais o autor de Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre. Nessa obra, lançada em 1933, pela primeira vez o elenco não branco, em especial o africano, é apresentado como fator positivo na formação social do Brasil. O sociólogo pernambucano faz o elogio da mestiçagem e exalta a democrática mistura de raças como símbolo maior da cultura brasileira. Estava plantada a semente do mito da democracia racial brasileira, que iria crescer e virar consenso quase absoluto nas décadas seguintes.

As ideias de Freyre, num primeiro momento, representam um avanço em relação ao racismo predominante. Mas, logo em seguida, passaram a ser usadas como um anteparo para esconder a feia realidade de preconceito e da discriminação, que continuavam tão fortes que como antes.

Só a partir das décadas finais do século XX, o mito da democracia racial passou a ser vigorosamente contestado. Até então, era tabu falar de racismo. Mas em 2001, pela primeira vez na história o governo brasileiro reconheceu oficialmente a existência do preconceito e da discriminação no país. Essa foi uma vitória do Movimento Negro, fruto da luta de várias gerações de afro-brasileiros.

Fonte: CECIP - Comunicação e Educação para o Desenvolvimento Humano. Pele Escura, Estrada Dura, Beleza Pura: Desconstruindo o racismo na escola e na comunidade. CECIP, 2003.

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