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DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELO CUIDADO COM A CRIAÇÃO



“... Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa...” (Laudato Si’217).

No ano de 2015 o Papa Francisco instituiu na Igreja Católica o dia 01 de setembro como o dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, entrando em sintonia com os irmãos da Igreja Ortodoxa que já celebram esse dia. Tal iniciativa acontece após uma partilha com um representante do Patriarca Ecuménico Bartolomeu sobre as preocupações do futuro da Criação, em ocasião do lançamento da encíclica Laudato Si’.
O objetivo da instituição deste dia celebrativo foi oferecer “a cada fiel e comunidade cristã, a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à própria vocação de guardião da criação, elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele confiou ao nosso cuidado, invocando a sua ajuda para a proteção da criação e a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos” .
“Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas húmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar... tudo isso é pecado. Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus. (Laudato Si’ 8).
Também é objetivo deste dia de oração a mudança relacional não harmoniosa entre homem e meio ambiente, tão presente na sociedade atual. Quer também promover uma espiritualidade que não consegue dissociar vida e fé. Assim sendo, a postura relacional com o meio ambiente também está diretamente ligada ao que rezamos e celebramos e deve ser considerada como fator essencial da nossa caminhada cristã.
 A instauração desta data acontece no mesmo ano em que o Papa Francisco apresenta para o mundo a Encíclica Laudato Si’: Sobre o Cuidado da Casa Comum e pode ser considerada uma resposta aos apelos contidos na referida encíclica. Dentre os temas transversais abordados nela, cabe ressaltar: a Ecologia integral, a conversão ecológica, a degradação socioambiental, a visão holística do meio ambiente e consecutivamente da Terra como o novo paradigma. 
Quatro anos depois da instituição do dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, temos novamente a oportunidade de aprofundar as questões propostas para este dia. A Laudato Si’ ainda pode ser considerada como um dos principais subsídios formativo para o aprofundamento pessoal e comunitário desta temática.
Posto isso, iremos apresentar de forma sucinta o tema: Conversão Ecológica. Esperamos que a melhor compreensão desta possa nos ajudar a melhor vivenciar a proposta deste dia, percebendo como as questões ambientais estão presentes no nosso dia a dia e como por meio de uma mudança relacional harmoniosas com o meio ambiente poderemos adentrar mais fortemente na missão de cooperadores e guardiões da Criação, e assim colaborar na construção de uma sociedade sustentável, cumprindo também o que determina a Constituição Federal do Brasil em seu artigo 225, o qual impõe a coletividade, juntamente com poder público, o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.

Conversão Ecológica

“...Para realizar esta reconciliação, devemos examinar as nossas vidas e reconhecer de que modo ofendemos a criação de Deus com as nossas ações e com a nossa incapacidade de agir. Devemos fazer a experiência de uma conversão, de uma mudança do coração...” (Laudato Si’ 218). 

A Conversão Ecológica citada na encíclica Laudato Si’ também é fruto da profunda experiência com o Ressuscitado que ilumina e ressignifica toda a vida daquele que acredita e tem fé. É neste sentido que ela se apresenta no que diz respeito ás atitudes e posicionamento relacionados às questões ambientais. A reconciliação com Deus se estende aos irmãos e a toda criatura. São Francisco de Assis é um grande exemplo de quem estendeu aos irmãos e às criaturas a misericórdia divina. Como relata Tomás de Celano, um dos seus principais biógrafos.
“...Com verdadeiro coração de irmão estendia a sua caridade aos próprios animais sem fala em razão, répteis ou aves, e a todas as demais criaturas, sensíveis ou insensíveis...”(1Celano 77).
Podemos afirmar que as interações Homem X Meio Ambiente passam mais despercebidamente no nosso cotidiano, se a compararmos com as relações humanas. É o ar que entra e sai ao respirar, o barulho da água que sai da torneira, o germinar de uma semente, a luz que ilumina o dia. Sendo assim, não se tem a verdadeira dimensão dos impactos negativo causados diariamente pela humanidade, esses impactos colaboram direta ou indiretamente com a situação crítica pela qual passamos.
Não seria exagero afirmar que a crise ambiental atual também é decorrência dessa relação não harmoniosa. A Conversão Ecológica propõe uma sensibilização sobre essa desarmonia, através de um itinerário espiritual que contempla momentos de oração, celebrações, retiros e outras atividades que levem os fiéis a uma elucidação de suas interações com o meio ambiente e a construção de uma maior consciência sobre sua missão de cuidador da Casa Comum, dom de Deus á humanidade.
Dada à complexa situação do mundo atual, a conversão ecológica deve ser assumida não somente no âmbito pessoal, assim como, não apenas com as questões cotidianas locais. Ela só terá o impacto necessário se assumida comunitariamente e de forma definitiva abordando as questões regionais, nacionais e globais da forma proposta pela Ecologia Integral que considera as influencias dos aspectos econômicos, sociais, culturais e político sobre as questões ambientais.

Portanto, aos que pretendem vivenciar a proposta deste dia de oração, o Papa Francisco propôs o tema da água para ser refletido neste ano de 2018. Cabe a cada um de nós promovermos, pessoal ou comunitariamente, ao menos um momento que nos leve a pensar sobre como estamos nos relacionando com esse recurso natural tão precioso e essencial à vida no planeta.

Bruno Santana, Franciscano
Gestor Ambiental pelo Instituto Federal de Pernambuco


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